25.9.15

POEMA AUSENTE


a criança que ri no retrato
já não é mais riso, não é mais infante.
é triste, hoje, a criança que ri no retrato.

traz no âmago o amargo da vida.
o contrário do que seria teu nome.
o avesso do que desejaram teus pais
ao conceberem o menino amado.

caminha
de punhos cerrados
sobre o chão onde
restam sonhos perdidos.

são poucos, raros,
sonhos que se transformam
               em flor quando derramados.

na jardineira do poeta,
repousa a hortelã para o chá da tarde.

nada de orquídeas, margaridas, violetas.
nada que faça brotar o riso que
a criança cultivava no retrato.

algum dia houve felicidade genuína?

o poeta pergunta a si mesmo,
pois a ele não foi dada a dádiva
- antes ofertada ao pequeno príncipe -
de ter uma rosa com quem pudesse contar.